Quando por volta do Século XVII, o movimento iluminista surgiu, por
força de alguns pensadores filósofos de então como foram, Montesquieu e
Voltaire, tal corrente de pensamento destacava a defensa do uso da razão como sendo
o pilar da promoção para as mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas
nos ideais da liberdade, igualdade e fraternidade, valores estes que só seriam
alcançados quando se fizesse a junção da simplicidade e da comunhão entre os
homens sendo estes os factores essenciais na construção de uma sociedade mais
justa e democrática.
Tais personalidades estariam por certo longe de imaginar, o
impulso geracional que acabaram por dar principalmente na sociedade ocidental,
com a implementação de tais ideais. Com este pensamento trouxeram uma outra
dimensão à nossa razão, contra o absolutismo.
Voltaire, foi quem lançou a discussão em torno da liberdade
de expressão, acabando por vir a liderar uma revolução reformista, sob a
liberdade de pensar e de expressão. Tendo sido ele inclusive, o autor da frase:
“Posso
não concordar com uma palavra que dizes, mas defendo até a morte o teu direito
de dizê-las”.
Ora desde o Séc. XVII, que a evolução, do pensamento sobre o
livre arbítrio do indivíduo, nomeadamente no que toca à liberdade de expressão,
tem sofrido diversos avanços e recuos…Logo chegados ao Séc. XIX, tem-se
presente esta contínua discussão em qualquer sociedade moderna. Isto porque, embora
possamos afirmar que a liberdade de expressão é um permanente ganho das várias
gerações, a verdade é que ela continua a ser ainda muitas vezes de certa forma
residual, pois implica esta dicotomia entre o “Eu e o Outro”.
Esta liberdade de expressão, ou se quisermos a liberdade com
que nos exprimimos, tem de ser vista de duas formas, a Pública, onde existem um
conjunto de regras condizentes com a própria convivência em comunidade, quem já
não ouviu a frase…”A liberdade de cada um, termina onde começa a do outro”. Sendo esta a que está em permanente conflito
na sua interpretação e aplicação.
Já
a liberdade Privada, diria que, é aquela com a qual nascemos, limpa sem
censura, mas que se vai moldando durante o nosso crescimento enquanto ser
humano, com base nos vários factores que nos rodeiam ou chegam até nós pelas
diferentes vias de comunicação…Para mim, esta é a liberdade que se encontra
definida na Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Todo ser humano tem direito à
liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem
interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e
ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras".
È pois chegados a este estado do
desenvolvimento humano, em que foram construídos muitos dos ideais
políticos modernos como sejam a justiça, a liberdade, a democracia, a
solidariedade. Mas acima de tudo o conceito de homem livre.
Todos, ou uma grande maioria concordará que a liberdade
de expressão, é o suporte vital de qualquer povo moderno. Isto porque, geralmente permite a existência de
muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes e até contrárias. Mas para
que tal liberdade de expressão seja, plural, plena e participativa a sociedade civil deve estar educada e bem informada. E onde o acesso à informação lhe
permita participar totalmente quanto possível na vida pública onde se encontra
inserida.
Contudo é na informação e na educação de como utilizar
a nossa liberdade de expressão que se colocam os maiores problemas, porque os diversos meios e ferramentas para comunicar nem sempre
são os mais ajustados pois acabam por originar conclusões complexas mas pouco
exactas.
A partir dos últimos desenvolvimentos
tecnológicos, passamos todos inclusive a estar permanentemente sob uma alçada
do poder da informação e sob uma exigência de flexibilidade para termos
conhecimentos generalistas sobre qualquer tema.
Hoje em dia o paradigma é baseado na junção
de uma aptidão para uma especialização, mas ao mesmo tempo na ampla formação de
variados conhecimentos, todos estes alicerçados no espírito empreendedor e
criativo…Resumindo, todos temos de saber um pouco de tudo, mas sem saber bem de
nada!
A competitividade impõe que tenhamos que
estar permanentemente na frente da carruagem deste “comboio da informação”,
exigindo a todos uma performance cerebral elevada, de modo absorver tanta
informação e o seu consequente tratamento.
È pois neste domínio que fixo a
minha opinião e atenção, visto que a construção da nossa liberdade de expressão
deverá estar alicerçada em parâmetros cognitivos livres, ou seja, que envolvam
uma reflexão e critica perante um determinado fluxo de informações que podem
estar, inclusive em permanentemente actualização.
O que para mim caracteriza a boa
aplicação da nossa liberdade de expressão é o processamento da
informação/comunicação, num dado momento, visto que a mesma tem sempre
subjacente uma ponderação, a organização de ideias, e a sua saudável discussão… Por exemplo, temos todo o direito de desaprovar e de não gostar do
modo de vida que outros escolheram, mas podemos tentar perceber e tolerar os estilos de vida diversos. Até
podemos educadamente tentar persuadir à mudança, mas nunca impor, reprimir ou
oprimir. Pois nem tudo o
que parece, é!