sábado, 21 de maio de 2016

O Homem Livre e a Liberdade Expressão




Quando por volta do Século XVII, o movimento iluminista surgiu, por força de alguns pensadores filósofos de então como foram, Montesquieu e Voltaire, tal corrente de pensamento destacava a defensa do uso da razão como sendo o pilar da promoção para as mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais da liberdade, igualdade e fraternidade, valores estes que só seriam alcançados quando se fizesse a junção da simplicidade e da comunhão entre os homens sendo estes os factores essenciais na construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Tais personalidades estariam por certo longe de imaginar, o impulso geracional que acabaram por dar principalmente na sociedade ocidental, com a implementação de tais ideais. Com este pensamento trouxeram uma outra dimensão à nossa razão, contra o absolutismo.

Voltaire, foi quem lançou a discussão em torno da liberdade de expressão, acabando por vir a liderar uma revolução reformista, sob a liberdade de pensar e de expressão. Tendo sido ele inclusive, o autor da frase: Posso não concordar com uma palavra que dizes, mas defendo até a morte o teu direito de dizê-las”.
 
Ora desde o Séc. XVII, que a evolução, do pensamento sobre o livre arbítrio do indivíduo, nomeadamente no que toca à liberdade de expressão, tem sofrido diversos avanços e recuos…Logo chegados ao Séc. XIX, tem-se presente esta contínua discussão em qualquer sociedade moderna. Isto porque, embora possamos afirmar que a liberdade de expressão é um permanente ganho das várias gerações, a verdade é que ela continua a ser ainda muitas vezes de certa forma residual, pois implica esta dicotomia entre o “Eu e o Outro”.

Esta liberdade de expressão, ou se quisermos a liberdade com que nos exprimimos, tem de ser vista de duas formas, a Pública, onde existem um conjunto de regras condizentes com a própria convivência em comunidade, quem já não ouviu a frase…”A liberdade de cada um, termina onde começa a do outro”. Sendo esta a que está em permanente conflito na sua interpretação e aplicação.
Já a liberdade Privada, diria que, é aquela com a qual nascemos, limpa sem censura, mas que se vai moldando durante o nosso crescimento enquanto ser humano, com base nos vários factores que nos rodeiam ou chegam até nós pelas diferentes vias de comunicação…Para mim, esta é a liberdade que se encontra definida na Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras". 
È pois chegados a este estado do desenvolvimento humano, em que foram construídos muitos dos ideais políticos modernos como sejam a justiça, a liberdade, a democracia, a solidariedade. Mas acima de tudo o conceito de homem livre.
Todos, ou uma grande maioria concordará que a liberdade de expressão, é o suporte vital de qualquer povo moderno. Isto porque, geralmente permite a existência de muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes e até contrárias. Mas para que tal liberdade de expressão seja, plural, plena e participativa a sociedade civil deve estar educada e bem informada. E onde o acesso à informação lhe permita participar totalmente quanto possível na vida pública onde se encontra inserida.

Contudo é na informação e na educação de como utilizar a nossa liberdade de expressão que se colocam os maiores problemas, porque os diversos meios e ferramentas para comunicar nem sempre são os mais ajustados pois acabam por originar conclusões complexas mas pouco exactas.
A partir dos últimos desenvolvimentos tecnológicos, passamos todos inclusive a estar permanentemente sob uma alçada do poder da informação e sob uma exigência de flexibilidade para termos conhecimentos generalistas sobre qualquer tema.
Hoje em dia o paradigma é baseado na junção de uma aptidão para uma especialização, mas ao mesmo tempo na ampla formação de variados conhecimentos, todos estes alicerçados no espírito empreendedor e criativo…Resumindo, todos temos de saber um pouco de tudo, mas sem saber bem de nada!

A competitividade impõe que tenhamos que estar permanentemente na frente da carruagem deste “comboio da informação”, exigindo a todos uma performance cerebral elevada, de modo absorver tanta informação e o seu consequente tratamento.
È pois neste domínio que fixo a minha opinião e atenção, visto que a construção da nossa liberdade de expressão deverá estar alicerçada em parâmetros cognitivos livres, ou seja, que envolvam uma reflexão e critica perante um determinado fluxo de informações que podem estar, inclusive em permanentemente actualização.

O que para mim caracteriza a boa aplicação da nossa liberdade de expressão é o processamento da informação/comunicação, num dado momento, visto que a mesma tem sempre subjacente uma ponderação, a organização de ideias, e a sua saudável discussão… Por exemplo, temos todo o direito de desaprovar e de não gostar do modo de vida que outros escolheram, mas podemos tentar perceber e tolerar os estilos de vida diversos. Até podemos educadamente tentar persuadir à mudança, mas nunca impor, reprimir ou oprimir. Pois nem tudo o que parece, é!

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