quinta-feira, 16 de março de 2017

Tolerancia vs Arrogancia...Uma piramide invertida.



Por vezes dou por mim a pensar como é possível que na actual sociedade contemporânea, se vá verificando uma preocupante inversão da pirâmide civilizacional de alguns dos seus mais elementares princípios e valores. 

Veja-se por exemplo um dos casos mais flagrantes, que são a Tolerância e Arrogância. 

Hoje um individuo, que demonstre e apresente traços de personalidade Arrogante, é normalmente (diria Infelizmente) apelidado de ser uma pessoa de personalidade vincada, forte, com objectivos bem definidos.

Sendo que no lado oposto, os indivíduos que apresentam uma personalidade Tolerante, para com os outros, são hoje em dia, tidos como fracos, frouxos, humildes de mais (isto como se a humildade fosse um mal), sem terem uma personalidade virada para a exigência.

Ora se houvesse, um verdadeiro sentido educacional, no sentido amplo, na actual sociedade, tudo isto estaria em contra-senso sociológico, senão veja-se:
- Uma pessoa Arrogante, é orgulhosa, soberba, presunçosa, vaidosa, altivo, prepotente, tem normalmente a convicção que é expertem em vários assuntos e, por isso, não ter interesse em ouvir outras opiniões. Apresentando-se algumas com ideais totalitários e fundamentalistas.
- Já um individuo Tolerante, demonstra maior abertura de espírito, iniciação social, flexibilidade, compreensão e capacidade de diálogo.

 Não sei se alguma vez já vos aconteceu, se ouviram, assistiram, aquela expressão “Eu respeito muito a sua opinião, mas você pode dizer o que quiser que a mim não me interessa, pois continuo com a minha total convicção e dela não abdico”.

Este exemplo serve para confundir, demonstrando uma forma diria de um falso tolerante, pois utiliza uma curiosa forma de arrogância, pois deixa que o outro se expresse, mas nunca abdicando um milímetro da sua posição. 

Há ainda outros que usam a máscara de serem tolerantes, pedindo por vezes clemência para alguém ou para algo, com a intenção secreta que tal situação também os beneficie a eles próprios, servindo este facto como uma espécie de escudo para o seu próprio comportamento moral e/ou pessoal.

Depois há aqueles que se servem da pseudo tolerância e do pseudo respeito, para algo muito mais prosaico, como seja, a indiferença, do tipo “vive e deixa viver”, algo tão velho e liberal, como perigoso pois facilmente se pode converter num “morre e deixa morrer”, na parte desprezível que esta atitude possa representar.

Com isto não quero dizer que acho que há algo de errado em ter opiniões formadas e até querer defendê-las. Entretanto já achar-se o dono da razão absoluta e suprema, não tolerando as opiniões ou as atitudes distintas, passa a estar no campo da “doença social”.

Pois alguém que é intolerante não demonstra apenas a dificuldade em lidar com as diferenças de opiniões, mas, sobretudo aponta para a arrogância. Ou seja, é alguém que se considera tão certo e justo das suas opiniões que o outro é sempre tido com um idiota estorvo, porque não concorda comigo.

Na minha formação educacional e académica, ensinaram-me e aprendi, que não há ciências exactas, nem estanques, quanto muito algumas são mais difíceis de desmontar. Tudo pode ser explicado, convertido, ou modificado, desde que seja bem fundamentado, explicado e se possível factual.

A pergunta que se impõe neste momento é, será que queremos e fazemos verdadeiramente, por ter uma sociedade plural e tolerante?...Façamos assim uma autocrítica à nossa consciência e deixemo-nos de palavras e passemos aos actos.

1 comentário :

Pedro Dinis disse...

Infelizmente somos um sociedade hipócrita em que a tolerância apenas é praticada quando está "socialmente na moda". Dou um exemplo: conheço pessoas que desdenham dos gays, mas que em público lhes dão apoio... este falso politicamente correcto irrita-me.