sábado, 28 de maio de 2016

Consumo, ou sou Consumido!



Se há coisa com a qual convivemos diariamente é o, CONSUMO. Isto porque vivemos sobre a égide de uma sociedade que está caracterizada por uma oferta que excede, geralmente a procura. Ora tal como a conhecemos hoje o surgimento da nossa sociedade de consumo decorre directamente do desenvolvimento industrial que a partir de certa altura, e pela primeira vez em milénios de história, levou a que se tornasse mais difícil vender os produtos e serviços do que fabricá-los.

Este excesso de oferta, aliado a uma enorme liberalidade de bens colocados no mercado, levou ao desenvolvimento de estratégias de marketing, estas são quase sempre extremamente agressivas e sedutoras originando com isto o consequente desencadear de facilidades ao crédito quer para as pessoas, empresas.

Com esta forte implementação de um sistema de consumo, nomeadamente pelo supérfluo, do excedente, do luxo onde a principal característica é a tendência para um consumismo impulsivo, descontrolado, irresponsável e muitas vezes irracional. Vive-se assim na base da insaciabilidade, da constante insatisfação, onde uma necessidade satisfeita gera quase automaticamente outra necessidade, num ciclo que parece que não se esgota.

Esta sociedade que assume uma visão quanto ao Consumo de um modo de interligação para servir como mediação nas relações sociais. Isto é, coloca sobre cada um de nós, uma dependência psicológica que nos tornam quase sempre vulneráveis, perante o desenvolvimento massificado da oferta.

Como isto, não deslumbro somente o lado maléfico deste tipo de orientação consumista, pois compreendo que muito do desenvolvimento econômico e social, foi e é, pautado pelo aumento do consumo, aquele que resulta em lucro ao comércio e às grandes empresas, gerando também mais empregos, servindo inclusive o desenvolvimento tecnológico e científico. E desta forma não vejo mal ao mundo, somente questiono a respectiva redistribuição deste lucro/capital…mas isso pode ficar para outra altura!

Ora este consumismo muitas vezes, exacerbado, implica assim adopção de políticas quanto ao seu controle. Desta forma importa tomar medidas que nos defendam a nós consumidores, como por exemplo sejam:
- Uma educação para o consumo, a principiar por exemplo nas escolas;
- A informação eficiente e adequada acerca dos direitos e deveres, devendo esta ser disponibilizada de uma forma eficaz tanto pelo Estado como por exemplo estando disponível nos serviços municipais de consumidores;
- Necessidade de criação de instâncias arbitrais de resolução de litígios céleres, seguras e de baixo custo, pois segundo verifico, nos 18 distritos no Continente só 6, dispõem de tribunais arbitrais de conflitos de consumo. Por exemplo na região Centro, distritos demograficamente relevantes como Aveiro, Leiria, Viseu, Castelo Branco, Santarém, para só referir estes, não existem qualquer estrutura deste estilo…

Penso que a receita é simples e nem sequer se me afigura assim tanto onerosa.

Bem sei, que se quisermos compreender esta subjetividade contemporânea do consumo, há que analisar alguns de seus aspectos, pois estes estão ocorrer a um ritmo frenético tendo em consideração as transformações econômicas, sociais, políticas e culturais deste nosso tempo.
Sinto pois, que está instalada uma espécie de narcisismo colectivo, onde o EU deixa de ser o importante, mas passa sim a ser o Outro, o mais importante…Gera-se com isto um seguidismo, onde as modas ou conceitos, imperam, sejam elas de que tipos forem.
Tudo isto é na minha opinião provocado pelo medo e/ou ameaças quanto à desintegração e exclusão do individuo na sociedade em que está inserido…Freud, utilizava uma expressão que me dá que pensar… A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.”

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