Todos nós já
falámos ou ouvimos dizer…” Este Cantinho à beira mar plantado”…”De Portugal ser
um país pequeno”, etc, etc…
Mas na
realidade acabo por não ter sempre esta sensação quando falamos em território e
principalmente nas suas assimetrias e/ou desigualdades regionais…isto porque
elas são tantas que parece que temos um território como a Ex. União Soviética…o
que não é de todo o caso.
Daquilo que vou
observado, na realidade nacional, verificam-se diferenças substanciais entre as
várias regiões de Portugal. Se podemos ver algo de bom nesta situação,
nomeadamente no que diz respeito principalmente à interessante
multiculturalidade. É de todo incompreensível e até intolerante que num
território/país afinal tão pequeno se verifiquem ainda tantas e tão grandes
desigualdades regionais…mas se quisermos sair das nossas fronteiras, temos como
exemplo, uma inexplicável falta de harmonização e convergência entre Estados
membros da EU, verificando-se também neste campo assimetrias no que toca ao
desenvolvimento socioeconómico.
Mas como me
centro na realidade onde vivo, verifico infelizmente que nos últimos anos
ocorreu um agravamento significativo no que toca às
desigualdades regionais, fruto da austeridade recessiva a que o país foi
sujeito. Trata-se de um problema que não nasceu agora mas que tem vindo a
sofrer importantes desenvolvimentos negativos, sem que os sucessivos governos
empreendam medidas que consigam, ao menos, travar esse processo.
O
encerramento de escolas primárias, tribunais, unidades de saúde e repartições
de Finanças são por exemplo medidas de carácter meramente financeiro que só
vieram acentuar ainda mais o isolamento de muitas regiões do interior com a
consequente perda de influência, empobrecimento e desertificação.
Esta
problemática das assimetrias regionais e consequentes desigualdades, tem
andando um tanto esquecida embora constitua, na minha opinião, um dos problemas
estruturais mais graves do país...No ultimo congresso do PS, por exemplo o Primeiro-ministro
já deu indicações de algumas medidas a serem concretizadas no terreno,
nomeadamente uma descentralização...espero que tais medidas sejam lançadas o
quanto antes pois é necessário o aproveitamento de todo o território para o
desenvolvimento económico / PIB nacional...e não só do litoral!
Mas
o que todos nos devemos questionar é como é que pode haver cidadãos dentro do
mesmo país (o seu) e se verifiquem condições de vida muito díspares. Sendo que
com o tipo de sociedade implementada em que vivemos e em que temos a procura
pelos parâmetros de vida aceitáveis (saúde, emprego, e cultura, etc) levam à
inerente desertificação de muitas regiões já que provocam a deslocação das suas
populações para as regiões litorais.
Para
além de que este facto na mobilidade interior – litoral, tem por exemplo
originado uma massificação negativa, no tráfego rodoviário, na construção
desenfreada e abusiva, sem o necessário ordenamento.
É
para mim de todo urgente desencadear a
implementação de políticas regionais que assentem num paradigma da equidade,
competitividade, onde por exemplo as políticas assistencialistas que apontem no
sentido da promoção dos níveis mínimos de acesso dos cidadãos ao bem-estar,
independentemente do local da sua residência, preconizada com a dotação dos
espaços menos desenvolvidos com diversos tipos de amenidades urbanas, de
acessibilidades, onde o factor humano e cultural, constituía um factor de
valorização capaz de servir para atrair actividades produtivas.
Desta forma teríamos certamente um Pais
menos assimétrico e com todas as nossas regiões a contribuírem positivamente
para o incremento do PIB num menor espaço de tempo, induzindo uma convergência
efectiva de Portugal relativamente aos restantes Estados Membros da União
Europeia.
Pois como disse o Papa Francisco, na recente visita ao
México…“Quando o território não é defendido pelos bons, os maus fazem 'justa' a
vitória da injustiça.
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